ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO RIO MAMANGUAPE

O significado do nome Mamanguape diz muito sobre esse magnífico lugar que engloba os municípios de Rio Tinto, Marcação, Lucena e Baía da Traição, mais uma porção dentro do mar.

 

A origem vem da palavra tupi “mamã-gua-pe” e quer dizer região onde se reúne para beber. E o que não falta por aqui é água.

 

Delimitada pelos estuários dos rios Mamanguape e Miriri, a APA tem 14. 640 hectares, composta por diversos ecossistemas e um precioso conjunto de recursos hídricos.

 

São manguezais, lagunas, lagoas, praias com cordões de dunas, falésias, mata de restinga e de tabuleiro e uma peculiar barreira de coral em frente à foz do rio Mamanguape.

 

Os recifes de coral de arenito, que são colonizados por corais vivos, estão tão próximos à barra do rio que parecem querer proteger a reserva ambiental e as espécies em risco de extinção que vivem nela.

 

As praias da Barra do Mamanguape, por sua vez, exibem-se tão belas e preservadas quanto os outros ecossistemas da APA. São quatorze quilômetros de areias brancas, finas e, para lá de desertas, a exemplo das praias de Campina, Oiteiro, Miriri e Coqueirinho do Norte.

 

Fauna

 

A bicharada está à solta na Barra do Rio Mamanguape. Seja na terra ou na água, incluindo o mar, já que 16,2% da área da UC estão inseridas no Oceano Atlântico; os animais celebram o silêncio auspicioso de caçadores, de pescadores e de madeireiros.

 

Foram catalogadas 80 espécies de aves, 27 de mamíferos, 35 de répteis, 23 de anfíbios, 112 de peixes estuarinos e 29 de peixes marinhos recifais.

 

Dentre eles, estão espécies ameaçadas de extinção como o peixe-boi-marinho, que tem um projeto voltado exclusivamente a ele, o cavalo-marinho, o peixe mero, o caranguejo-uçá e as tartarugas verde e de pente que usam as enseadas para fazer o espetacular evento de desova.

 

Flora

 

A APA do rio Mamanguape tem, na sua cobertura vegetal, uma marca de resistência. O bioma que a representa é a Mata Atlântica, mas são seus ecossistemas associados, no entanto, que se mostram mais presentes.

 

Os manguezais chegam a seis mil alqueires, a maior área preservada do Estado da Paraíba. Esses berçários da natureza revelam-se em uma gama de variadas formas de vida, a exemplo das espécies de mangue vermelho, mangue preto ou siriubeira, mangue de botão e mangue branco.

Na unidade de conservação, ocorre, ainda, a vegetação de dunas, formada por plantas herbáceas, conhecidas, também, como ervas; a vegetação de restinga, caracterizada por algumas espécies de cactos; e a vegetação de tabuleiro, em que predominam as gramíneas e arbustos esparsos.

 

Projeto Peixe-Boi-Marinho

 

O peixe-boi é um animal raro de se ver, livre, na natureza. Na Barra do Rio Mamanguape, no entanto, o mamífero, que corre risco de extinção, é observado com relativa facilidade. A região é a principal área de concentração da espécie marinha, no nordeste brasileiro e, graças a sua presença, foi criada, em 1993, a APA da Barra do Rio Mamanguape.

 

Sorte deles e dos turistas que podem ter emocionantes encontros com esses dóceis herbívoros gigantes, cujas medidas chegam a 800 quilos de peso e 4 metros de tamanho.

 

A base de proteção e pesquisa é coordenada pela Fundação Mamíferos Aquáticos que desenvolve trabalhos de monitoramento, estudos de comportamento, tratamento de espécimes em cativeiro – que está suspenso, momentaneamente, – e programas de reintrodução no meio ambiente natural.

 

O controle de posicionamento dos indivíduos que estavam em cativeiro e foram reintroduzidos é feito por meio de telemetria; já os animais nativos são acompanhados de um ponto fixo, na desembocadura do Rio Mamanguape, por meio de avistamento.

 

A fundação é responsável, também, por aulas de educação ambiental voltadas às comunidades que estão dentro da APA, incluindo seis aldeias potiguaras, na margem Norte do estuário, além de apoiarem associações de moradores com serviços ligados ao turismo de base sustentável.

 

O maior exemplo é representado pela AGEAPA (Associação de Artesãos e Guias de Ecoturismo da APA do Rio Mamanguape) que opera as atividades junto aos turistas e faz um excelente artesanato com cipó-de-fogo, fibras naturais e conchas.

 

Curiosidades do Peixe-Boi

 

– No último censo, realizado em 2013, foram contados cerca de mil peixes-boi vivendo em regiões de estuários na costa nordestina, principalmente, entre a Paraíba e Alagoas, e no Litoral Norte do Brasil.

 

– Como se não bastasse a demora na reprodução (a fêmea gera um filhote a cada três anos), a morte acidental em redes de pesca, a ingestão de sacos plásticos ou atropelamentos por barcos, somadas à crescente redução de seu habitat para a reprodução, aumentando os registros de encalhes dos filhotes, tornam a sobrevivência da espécie muito mais complicada.

 

– A espécie precisa comer, diariamente, entre 8% a 13% do seu peso corporal e passa de seis a oito horas alimentando-se de algas, capim marinho e folhas de mangue.

 

– O peixe-boi-marinho vive tanto em águas salgadas quanto em águas doces; pode atingir 800 quilos e medir 4 metros; o peixe-boi da Amazônia habita bacias fluviais e atinge 300 quilos e 2,5 metros de comprimento.

 

– Por conta da presença do peixe-boi, foi criada, em 1993, a APA da Barra do Rio Mamanguape

 

Ameaças a espécie

 

Uma série de fatores ameaça a existência dos peixes-boi-marinhos, no litoral do Nordeste.

 

A caça predatória, que ocorre desde a colonização do Brasil, reduziu, drasticamente sua população. Por serem muito dóceis e nadarem lentamente, tornam-se alvos fáceis.

 

Se não bastasse, a demora na reprodução (a fêmea gera um filhote a cada três anos), a morte acidental em redes de pesca, a ingestão de sacos plásticos ou atropelamentos de barcos, somadas à crescente redução de seu hábitat para a reprodução, aumentando os registros de encalhes dos filhotes, tornam a sobrevivência da espécie muito mais complicada.

 

No litoral da Região Norte do Brasil, a captura intencional com arpões ainda é a principal causa de morte.

 

Atividades

 

– Mergulho na barreira de corais

 

Os mergulhos são feitos entre os meses de novembro a março, quando a visibilidade é melhor. As opções são apneia, que pode chegar a 1,5 metros de profundidade, e snorkel, feito com o auxílio de coletes de flutuação.
Nível: leve. Duração: 1 hora.

 

– Observação de tartarugas

 

A atividade é feita na barreira de coral, onde as tartarugas das espécies Verde e De Pente se alimentam.
Nível: leve. Duração: 1 hora.

 

– Observação do peixe-boi-marinho

 

As lanchas, cujos motores não podem ter mais do que 7 HP de potência, circulam pela barra do rio Mamanguape, em busca de emocionantes encontros com peixes-boi que vivem na região. Quando os animais são avistados, as embarcações param a uma distância de 10 metros.
Nível: leve. Duração: 1 hora

 

– Trilha da praia do Oiteiro

 

A caminhada sai da comunidade do Oiteiro e termina na praia de mesmo nome. O percurso tem quatro quilômetros de extensão e cruza o riacho Caraacabu, afluente do rio Mamanguape, em meio a fragmentos de Mata Atlântica. Há uma segunda opção de trilha que termina no alto da falésia, para se ver o por do sol.
Nível: leve. Duração: 2 horas.

 

– Trilha do Rio Miriri

 

A trilha de 13 quilômetros começa na comunidade de Oiteiro e vai até a foz do rio Miriri. O retorno é feito pela falésia do Miriri ou pela praia do Oiteiro.
Nível: médio. Duração: 4 horas.

 

– Passeio de canoa pelo manguezal

 

O roteiro é feito pelos canais do manguezal, em um braço do rio Mamanguape. Durante o percurso, o guia explica os diferentes tipos de mangue e as espécies de animais que vivem neles.
Nível: leve. Duração: 2 horas.

 

– Centro de visitação

 

Antes da observação do peixe-boi, os turistas assistem a uma exposição fotográfica, além de uma palestra sobre a APA da Barra do Rio Mamanguape e do Projeto Peixe-Boi-Marinho.

 

Observação: todas as atividades são conduzidas pelos guias da AGEAPA (Associação de Artesãos e Guias de Ecoturismo da Região da APA da Barra do Rio Mamanguape).

 

Turismo Responsável

 

– Os barcos utilizados para encontrar os peixes-boi são obrigados a usar motores com potência máxima de 6.5HP. Ainda assim, precisam ser desligados quando chegam a uma distância de dez metros dos animais.

 

– As embarcações e os guias das observações dos peixes-boi devem ser credenciados para que todas as normas de manejo sejam atendidas.

 

– É importante não fazer barulho quando se está próximo aos peixes-boi. O ruído excessivo afeta a saúde dos animais.

 

– O tempo de visualização não deve ultrapassar 15 minutos.

 

– Caminhar sobre os recifes de coral pode danificá-los e deve ser feito apenas com a autorização prévia do ICMBio