Uma das principais manifestações culturais da cidade de Ouro Preto é a Cavalhada de Amarantina. A festa em honra a São Gonçalo (São Gonçalo do Amarante) tem como identidade do distrito as Cavalhadas, que mantém vivos os costumes e as tradições.
As Cavalhadas de Mouros e Cristãos é uma tradição de origem portuguesa e está presente em diversas regiões do Brasil. Em Amarantina, a Cavalhada é Patrimônio Cultural Imaterial, com registro em 2011, e demonstra a sua força por se passar de geração em geração das famílias amarantinenses, mantida nas três categorias das cavalhadas: adulto, jovem e mirim.
Com mais de 260 anos de história, tempo contado a partir da inauguração da Igreja de São Gonçalo, em 1758, os jogos de cavalarias acontecem desde o Brasil Colônia, de acordo com o historiador, Natalino Madalena Filho, e as habilidades em cavalgar estão ligados à sociedade nobre cavalheiresca. Nas cavalhadas, há uma encenação de lutas entres cristãos e mouros, representando os antigos combates na Idade Média.
Durante as Cavalhadas, o principal campo do distrito torna-se uma grande arena para receber a encenação dos embates entre os exércitos Cristão e Mouro que representam um conflito que ficou conhecido como: “A Batalha de Carlos Magno e os 12 pares da França”. Os exércitos são separados pelas cores azul e vermelho, onde o exército Cristão usa a cor azul e o Mouro, a cor vermelha.
Na arena, a batalha ocorre entre os dois exércitos que se enfrentam pelas corridas do oito de dois e oito de quatro, com lanças e espadas. A peça é composta por quatro tempos: invasão, diplomacia, guerra e confraternização.
A festa de São Gonçalo e Cavalhadas de Amarantina acontece entre os dias 13 e 17 de setembro, no distrito de Amarantina. O evento é realizado pelos Festeiros da Festa de São Gonçalo e pela Associação dos Cavaleiros “Mestre Nico” de São Gonçalo, com apoio da Prefeitura de Ouro Preto, por meio das secretarias de Turismo, Indústria e Comércio e Cultura e Patrimônio.
A festa é uma realização cultural e religiosa do distrito de Amarantina e que conta com a participação dos cavaleiros e da igreja na organização e estrutura do evento. Segundo o Presidente da Associação dos Cavaleiros Mestre Nico e também cavaleiro, Lúcio Flávio Coelho dos Santos, a região aguarda um público de 5 mil pessoas durante os cinco dias de festa. “A região de Amarantina é privilegiada por ter uma tradição como essa, que está identificada em poucos lugares do Brasil, e em Ouro Preto, a cavalhada é tombada como patrimônio imaterial. Estamos trabalhando para dar uma boa estrutura ao evento e recepcionar bem a comunidade participante e aos visitantes, e esperamos que todos sejam bem acolhidos.”, destaca Lúcio Flávio, que leva o legado da família na cavalhada.
Curiosidades sobre as cavalhadas
As cavalhadas são encenações de guerras que ocorreram na Idade Média, nesta história, a batalha se inicia quando a tropa cristã invade o território Mouro e sequestram a princesa Floripes, filha do Almirante Balão. Para salvar a princesa, é feita uma conciliação entre as tropas. A Princesa Floripes se casa com o soldado cristão, Gui de Borgonha, e esta união permite a comunhão entre as tropas, dando origem a um único exército.
O Arquivo Público Municipal guarda documentos que informam que, no final do século XIX, na década de 1890, as cavalhadas estiveram praticamente extintas, por vários anos seguidos, por falta de cavaleiros, em todo o município, incluindo a sede. Na sede, as cavalhadas aconteciam juntamente com as corridas de touros, na atual Praia do Circo ou antiga Praia dos Curros (currais). E, de acordo com os registros escritos, coube ao historiador e presidente da Câmara, Diogo de Vasconcelos, a iniciativa de promover e estimular a retomada da festa, calcada no conhecimento presente na memória de velhos cavaleiros que ainda viviam, na época do período de silêncio. Entretanto, as cavalhadas, em mais de 100 anos, continuam sendo festejadas com pompa e brilho ininterruptamente, até os dias de hoje no distrito de Amarantina.